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Sobre EDVALDO SANTANA....


Edvaldo Santana - Jataí
 
“Quem se movimenta recebe, quem se desloca tem preferência” é com essa sabedoria da linguagem futebolística que podemos compreender a ginga inquieta e ousada por onde se desenvolve a obra de Edvaldo Santana. Em seu sétimo álbum solo chamado “Jataí”, interpreta músicas inéditas e flerta com a arte em sua gestação primitiva. Em busca da simplicidade, a concepção musical do álbum, está baseada na estrutura que traz a execução instrumental e a sonoridade da voz para bem perto do ouvinte, criando intimidades entre o som o ouvido a mente o coração, para isso abrindo mão de algumas perfumarias tecnológicas como a reverberação de duração longa e o uso excessivo de compressores. Há nesse trabalho uma estética contemporânea que reflete a música criada por paulistanos com ancestrais nordestinos, os tons e timbres são peculiares e sutis na sua dimensão urbana, inventando novos códigos de relacionamento dentro da música produzida no mundo.
Produzido em parceria com o guitarrista e amigo Luiz Waack, em Jataí o bardo paulistano expõe seus sentimentos de periferido, com a sapiência dos caboclos e a alma dos negros, fazendo suas alquimias com a música dos renegados, contribuindo no envolvimento estético entre o blues o samba o country o mambo o bolero o baião o rock o reggae a guarania o xote a toada, incorporando nas suas idéias as referencias artísticas de Adoniran Barbosa, Robert Johnson, Luiz Gonzaga, Tom Waits, Jackson do Pandeiro, Woody Guthrie, Cartola, Bob Marley, Jorge Benjor, Buena Vista, Dorival Caymmi, Tibaji, Miltinho e Gilberto Gil.

Jataí tem momentos de banjo, gaita, violão e voz grave, como tem levadas inventivas de congas, bateria, baixo, guitarra e sanfona, é variado, mas se mantém íntegro, inteiro em seu conceito musical.

Nas letras os temas também são diversos, vão desde “A Poda da Rosa”, escrita para um jardineiro que evitou o ferimento de crianças na saída da aula escolar, como em “Quando Deus quer até o diabo ajuda”, onde Edvaldo reforça sua condição otimista diante da vida que leva. Na linguagem das palavras há invenções singulares onde as tonalidades e rimas do universo cordelesco se encontram fragmentadas na gíria da periferia urbana, que em contato com elementos da cultura negra e indígena, proporcionam a liberdade dos movimentos fonéticos.

Os músicos Reinaldo Chulapa-Baixo, Ricardo Garcia-percussão e Luiz Waack-guitarra, juntamente com o violão de Edvaldo formaram a base musical do álbum e foram incumbidos de produzir espaços para a letra e servir de cama harmônica e rítmica para os músicos convidados, criando arranjos com atmosferas sonoras determinantes no conceito semi-acústico do cd.

Vários convidados dão brilho especial a Jataí- de Buenos Aires baixou Mintcho Garramone músico argentino que gravou a sua participação na terra de Astor Piazzola. Também tem os paulistanos da vanguarda Paulo Lepetit no baixo e Marco da Costa na bateria que tocaram em “Nada no mundo é igual” e em “Sem Cobiça”, Kuki Stolarski doou sua batida preciosa . Edvaldo Santana homenageia Waldir Aguiar amigo e produtor em “Aí Joe”, canção onde brilha o piano acústico de Daniel Szafran. Canta seus ancestrais em “Eva Maria dos Anjos” um samba- morna-ijexá com as participações especiais de Fabiana Cozza na voz e Simone Julian na flauta. A sanfona jazzística de Antonio Bombarda está presente em “Jataí”, xote-reggae que dá título ao álbum e em “Há muitas luas” a gaita do curitibano Bené Chiréia aproxima o baião do rock e do blues. Ainda no campo das participações vale destacar o piano elétrico suingado de Adriano Magôo em “Amor é de Graça”.

A capa é uma criação de Elifas Andreato sobre a Jataí espécie de abelha sem ferrão, que possui no mel que produz, além do sabor especial, varias propriedades medicinais de cura.

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Parceiro de poetas como Leminski,
cantor Edvaldo Santana lança o sétimo CD

Teresa Albuquerque - Correio Brasiliense
Edvaldo Santana é camarada de Tom Zé e Arnaldo Antunes. Assim como foi de Paulo Leminski, Haroldo de Campos e Itamar Assumpção (só para citar seus parceiros mais famosos). Cantor e compositor paulistano que há 35 anos leva a carreira em esquema independente, ele está lançando seu sétimo disco solo, Jataí, o primeiro em que assina todas as faixas sozinho. Achava que as letras chamavam a atenção porque eram escritas pelos parceiros? Que nada. As letras do novo CD (que vem com bela capa do artista Elifas Andreato) são muito boas. E as "alquimias", como ele chama as misturas que faz — de blues, reggae, baião, xote, música cubana e o que mais vier à cabeça — continuam lá, assim como a voz rouca, ainda que em tom mais suave.


"Jataí tem uma sonoridade diferente dos outros discos que lancei. É semiacústico, mais baseado no meu violão. E a voz não está tão alta, dei uma suavizada", compara o cantor. "Continuo compondo com parceiros, claro. Mas, às vezes, as parcerias não batem com o momento que estou vivendo e acabam entrando em outro disco. Desta vez, quis gravar coisas bem minhas. Jataí tem muito do que estou pensando, do que estou sentindo." 


Das 13 faixas, 12 foram compostas nos últimos dois anos. E quatro são homenagens. Aí Joe, que cita o Bloomsday (a celebração de Ulysses, o clássico de James Joyce), no Finnegan's Pub, em São Paulo, é dedicada a Waldir Aguiar, "empresário, agente, produtor, faz-tudo, grande camarada", morto há um ano e meio. Outras duas foram feitas para amigos de Itu (SP), onde o cantor vive atualmente: A poda da rosa, para o jardineiro Valdemar; e Seu Ico, para o poceiro que Edvaldo descobriu ser um ótimo tocador de viola. Foi ele, aliás, quem produziu o primeiro álbum de Seu Ico, aos 65 anos (o violeiro já lançou três). Já Eva Maria dos Anjos, a sexta música do CD, gravada com a participação da cantora Fabiana Cozza, leva o nome da avó paterna.


Filho de pai piauiense e mãe pernambucana, nascido e criado em São Miguel Paulista, um bairro de nordestinos na Zona Leste de São Paulo, Edvaldo Santana conheceu a avó quando tinha 6 anos. "Meu pai era um operário ligado a movimentos políticos e, como a situação não estava boa aqui, ele levou a gente para o Piauí. Mas o sertão estava brabo também. E minha avó ajudou muito a gente", conta ele, o mais velho dos oito filhos, que na letra de Eva Maria dos Anjos diz ter uma foto da avó, "cabocla tupi", mas na verdade nem tem. "É liberdade de criação do poeta, me lembro dela vagamente", ele ri. 


Em movimento

Simpático, bom de bola e sempre na ativa ("quem se movimenta recebe, quem se desloca tem preferência", gosta de dizer), Edvaldo começou a trabalhar aos 12 anos e, aos 20, já tinha a música como profissão. Com sua primeira banda, a Caaxió (depois rebatizada de Matéria Prima), chegou a ter 10 músicas censuradas num show no Teatro de Arena, em 1974. Ligado a movimentos universitários, viajou Brasil afora, acompanhou as primeiras ocupações do que viria a ser o Movimento dos Sem Terra (Piá, a única antiga do novo disco, é dessa época, foi composta à beira de um rio em Ponta Grossa, no Paraná). "Sempre fui envolvido com esse lado social, porque venho do povo, das dificuldades", justifica. 


A voz rasgada (ele tem calo nas cordas vocais) lhe rendeu dois apelidos: Pato Rouco e Tom Waits da Pauliceia (ele ri dos dois). Também o aproximou um pouco mais do blues, marcante em seu trabalho desde o primeiro disco solo (Lobo solitário, de 1993). "Na verdade, o blues veio mais pela ligação com os renegados, e isso tem a ver tanto com os negros americanos quanto com o povo nordestino", comenta. "Se pegar o que Luiz Gonzaga canta — A volta da Asa Branca, por exemplo — e diminuir o beat, deixar mais lento, você vai ter a linha de blues, até harmonicamente."


Edvaldo cresceu ouvindo Gonzagão, Jackson do Pandeiro, Pixinguinha, Waldir Azevedo e toda aquela diversidade musical dos programas de televisão dos anos 1960 e 1970 (Wilson Simonal, Elis Regina, Roberto Carlos, os festivais etc). Na lista de influências, também entram Jimi Hendrix, Janis Joplin, Carlos Santana, Raul Seixas, os tropicalistas, Bob Marley… E, claro, seus parceiros famosos, como Tom Zé, Leminski e Arnaldo Antunes, com quem teve "experiências fantásticas". 


Aos 56 anos (o aniversário é em 17 de agosto), o alquimista segue circulando (a turnê de Jataí começa em setembro e ele sonha tocar um dia em Brasília), compondo sem parar. "É meu grande trunfo. Porque a gente pode não ter dinheiro, mas se tem arte, está bom, né?"



JATAÍ

Sétimo disco solo de Edvaldo Santana. Lançamento independente, com distribuição da Tratore, 13 faixas. Preço médio: R$ 20. ****

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Edvaldo Santana

Daniel Brazil - Revista Música Brasileira
Edvaldo Santana é um veterano trovador dos palcos brasileiros. Surgiu na década de 70, com sua peculiar mistura de blues com música urbana. De lá pra cá, comeu muito pó da estrada. Filho de nordestinos, saiu da Zona Leste de São Paulo e se mudou para o interior. Não largou o blues, como demonstram as primeira faixas do seu novo CD, Jataí, mas incorpora influências violeiras inusitadas, que se juntam às sonoridades nortistas e latinas, decantadas pela voz inconfundível.
Edvaldo soa mais sereno, mais musical, mais brasileiro nesse novo trabalho, mas não oferece apenas o mel da abelha que dá nome ao CD. O cara continua colocando doses certeiras de veneno em suas letras. Produzido pelo guitarrista Luiz Waack, o CD conta com participações muito especiais de gente como Fabiana Cozza, Daniel Szafran e o argentino Mintcho Garramone. Ouça com atenção.

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De afetos e de doces lembranças, álbum já nasceu clássico

Jotabê Medeiros - Estado de São Paulo – Caderno 2
Profundamente autobiográfico, o álbum Jataí (lançamento Tratore) encontra seus melhores momentos justamente na memória de Edvaldo Santana. Para a avó, ele compôs Eva Maria dos Anjos, cantada com o elegante apoio da sambista Fabiana Cozza, e o resultado é altamente refinado, clássico. "Não vou dizer que sou santo nem vou falar que não presto/Não vou cultivar desencanto nem me gabar do sucesso/Vou encontrar um atalho e desviar meu destino".

Edvaldo não se prende a fórmulas, é um artista livre que se dispõe a embarcar de peito aberto nos atalhos da música. "Se o rock and roll já foi blues na encruzilhada/Samba de roda também foi do candomblé", canta, no blues Há Muitas Luas.
O cantor vive no mundo real, não se tornou um desses astros virtuais do star system nacional. "Você tá envenenada pela mina da novela/E pela Cinderela que ainda mora com você/Reclama que cansou de partilhar a mortadela/E que ultimamente nada mais lhe dá prazer", brada, sob o cobertor da guitarra de Luis Waack e o baixo de Paulinho Lepetit.
Jataí, sob sanfona, rabeca, gaita, triângulo e pó de estrada, é Edvaldo levando o ouvinte a um mergulho musical por todo o País, de Caruaru a Porto Alegre. Cronista da vida simples e da sabedoria matuta, Edvaldo enxerga um País sem máscara. E o canta como quase nenhum outro atualmente. "Sem arreio, sem projeto e sem contrato/Vou tirar a viola do saco e cantar pra esse mundão".



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Edvaldo Santana lança seu sétimo disco, Jataí   

Kiko Ferreira  - Estado de Minas - Divirta-se
Jataí, a espécie de abelha sem ferrão que dá título ao sétimo álbum de Edvaldo Santana, lembra a mosca de Walter Franco. A insistência em fugir da mesmice e bradar suas ideias com voz rascante e violão primo do rock e do blues remete, de alguma maneira, à mosca na sopa de Raul Seixas.

O paulistano, filho de nordestinos, já ostenta seu otimismo blueseiro na faixa de abertura, Quando Deus quer, até o diabo ajuda. Depois de dizer que “estava certo que eu era um sujeito que veio no mundo para dar errado”, trata do privilégio de mudar a sina pelo álibi da lua que o inocenta e “o desejo de ser protegido pelo índio rindo em câmera lenta”.
Criticando a alienação da mídia e os podres do mercado e do poder (Nada no mundo é igual, Sem cobiça), encoraja o ouvinte a sair do rebanho (Você pode fazer) e, depois de se definir como “um cara estragado pelo vício e pelo susto” (Amor é de graça), reafirma a independência em Há muitas luas: “Não levo jeito para ser um popstar/ bem que tentei mas foi difícil me enquadrar”.

A voz rouca que lidera um som sem firulas, baseado em violão, guitarra e percussão, busca em exemplos alheios a esperança de um mundo que se salva pela qualidade dos indivíduos. Do jardineiro que tira espinhos das rosas para não machucar as crianças na escola (A poda da rosa) ao amigo que fechava bares com ele, tratando de poesia (Aí Joe), ele celebra a avó e a infância (Eva Maria dos Anjos) e faz uma viagem pelos sabores musicas e pela baixa gastronomia que experimentou nas andanças pelo país (Jataí). E fala da homenagem que Sérgio Sampaio um dia fez para Luiz Melodia em Sampaio melodia e do samba de raiz de Seu Ico, que tem o violão incluído na faixa.

Com capa de Elifas Andreato, o CD inclui participações especiais do baixista argentino Mintcho Garramone, da cantora Fabiana Cozza, do sanfoneiro Antonio Bombarda e dos teclados de Adriano Magôo e Daniel Szafran. Todos colaborando para aumentar a palheta de cores e ampliar a fluência das faixas. Sem aquela música com jeito de hit de rádio, nem possível tema romântico de novela, Jataí é mais um capítulo coerente na carreira do cantador estradeiro que rima a carreira com integridade.


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CHÃO E CORAÇÃO
MARCELINO FREIRE - Escritor
Edvaldo Santana é gênio. Põe oxigênio em nossa MPB. Cheio de ginga, xote, forró. Edvaldo é do mangue. O mel do melhor. Passeia, num instante, por um Brasil distante. Neste novo CD, aproxima, mais do que nunca, o seu som. De outros sons, sentidos. É linda, por exemplo, a música em que ele visita todos os estados. Cantos do Brasil. Ave nossa! Todo poético, todo prosa. Com uma simplicidade, sensibilidade, humanidade. Gostosa de ouvir. Rebolar na sanfona, rabeca, fole. Piano, guitarra. Edvaldo dá o tom. Puxa a fala, o refrão. Grande irmão. Grande artista. Da mesma seara rara de gente como Elomar, Jorge Mautner, Ben Jor, Itamar Assumpção. Tudo. Todos. Frutos de um mesmo chão. E coração.
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O DISCO DA DÉCADA
ADEMIR ASSUNÇÃO - Escritor
Jataí: o novo disco de Edvaldo Santana é de uma beleza que dá vontade de chorar. Fazia tempo que eu não ouvia tanto um disco. Ouvir até furar, até riscar o disco, até estragar a agulha – como se dizia nos velhos tempos dos vinis. Parece que Edvaldo conseguiu sintetizar todas as suas raízes e antenas. É um disco mameluco, cafuso, mulato, preto-velho, índio-sábio, negro-blues, popular até a medula. É a síntese do Brasil. Aqueles momentos raros que um artista consegue dizer quase tudo. Com beleza. Com contundência. Mas uma contundência que vai entrando pelos ouvidos e se espraiando pelas veias, entrando na corrente sanguínea. Escute: Edvaldo está dizendo verdades em seus poemas cantados. Verdades cristalinas.
Com uma sonoridade belíssima (não há outro adjetivo para traduzir esse disco). Com suas fusões de blues com baião, de samba com balada, de xote com rock’n’roll, com gaitas e pianos que dão vontade de botar o pé na estrada para ouvir e conversar com os malucos iluminados que zanzam pelas esquinas desse mundo. É daqueles discos que se ouve uma vez e já se impressiona. E a cada audição vão surgindo novas camadas, novas percepções, novos significados. Eu fico ouvindo esse disco e pensando no grande país que o Brasil poderia ser e que consegue desperdiçar incrivelmente as chances. Quando digo “grande país” não estou falando em oitava economia do mundo, em carros do ano parados no trânsito, em torres de luxo deformando os bairros, em ilusões para novos ricos, nem tão ricos assim. Estou falando de um país onde borbulhe inteligência, criatividade, generosidade, alegria de viver, compreensão de que a vida é mais, muito mais, do que a ganância insana pelo dinheiro.
Edvaldo vem da periferia desse Brasil e traz a música e os poemas mais sábios, simples e elaborados que ouvi nos últimos tempos. Mais sentidos na pele, no corpo, nas veias, no sangue. Não tenho palavras para traduzir o que esse disco significa. Viva Edvaldo. Viva Luiz Waack, produtor de altíssima competência e sensibilidade. Viva os músicos que emprestam suas habilidades. Jataí é o disco do ano. É o disco da década. É um disco que já está na história da música e da cultura brasileira. Do mundo. É um disco que está nas nossas vidas. Na minha e na sua, mesmo que você o desconheça. Jataí. Jataqui. Jatalá. Da próxima vez que alguém vier me dizer que não está acontecendo nada na música brasileira eu vou sacar esse disco e dizer simplesmente: então, escuta aí, meu irmãozinho. Tire seu aparelho de surdez e escuta. E vou até o boteco mais próximo festejar a existência rara dessa música e dessa poesia.

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