Dossiê - TEXTO DOIS (02) 1º semestre – março 2015 – Professor José Jorge CEM 01 – GAMA/DF – EJA/NOTURNO
Ficção
científica para relatar a sociedade desigual
'Branco
Sai, Preto Fica', de Adirley Queirós, vencedor do Festival de Brasília em 2014,
narra as chagas brasileiras de um modo novo
por Rosane
Pavam — publicado 21/03/2015 09:32, última modificação 21/03/2015
10:54
O título do filme de Adirley
Queirós remete à ordem proferida pela polícia em um baile funk dos anos 1980. A
expressão “branco sai, preto fica” antecedeu, naquele contexto, a usual limpeza
étnica promovida pela polícia. Saíram feridos do evento na periferia dois
amigos negros, e um deles, a perna arrancada, tornou-se especialista em
próteses. O outro, um radialista pirata dos confins, está condenado a uma
cadeira de rodas, ainda que sua movimentação possa ser recuperada por uma
inalcançável fisioterapia. A esse jogo de aproximações se soma um terceiro
personagem, um policial negro vindo do futuro para recolher provas de que o
passado cometera atrocidades contra os carentes.
Alguém tem de pagar pelo que fez,
raciocinam os três personagens às voltas com uma estranha engenharia (fios,
aparelhos rudimentares e ultrapassados, a bricolagem da gambiarra, cujos
propósitos serão conhecidos no decorrer do filme), feita para corrigir os erros
sociais. Misturados em três tempos, passado, presente e futuro, os personagens
costuram uma punição a Brasília, cidade que exige dos habitantes da Ceilândia
um passaporte de entrada. A Brasília dos ricos, contudo, nunca aparece. E os
únicos desautorizados a desejar seu fim são os do futuro, porque, destruída a
cidade do poder, simplesmente não haverá um mundo onde todos possam viver o
amanhã.
Vencedor do Festival de Brasília
em 2014, Branco Sai, Preto Fica narra as chagas brasileiras de um modo
novo, se consideramos a tradição cinematográfica local. É documental enquanto
ficcionaliza não o fato, mas sua reflexão sobre ele. A Ceilândia do filme, como
acontece em ficções científicas à moda da Alphaville, de Jean-Luc
Godard, é também a de hoje, invisível sob as pontes, seus habitantes condenados
às ruínas urbanas em campo vasto. Todos proferem o que pensam com casualidade,
e os três atores principais, entre eles Marquim do Tropa (melhor intérprete do
festival), falam à perfeição, com calma, a língua dos excluídos. O Brasil está
quase todo lá, seus maravilhosos seres cotidianos, os homens negros que alguns
protestos recentes talvez teimem em excluir. Algo entre Stanley Kubrick e
Vittorio De Sica, Adirley Queirós desacelera o tempo para devolver aos olhos do
espectador uma realidade terrível.
1. Pesquise o que foi o “Cinema Novo”
brasileiro.
2. Faça uma pequena biografia de:
a. Glauber Rocha
b. Nelson Pereira dos santos
c. Afonso Brazza
d. Stanley Kubrick
e. Vitório De Sica
3. Pesquise o significado das
palavras ou conceitos abaixo:
a. Limpeza étnica.
b. Eugenia.
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Respeito é palavra prática.