DOSSIÊ DE HISTÓRIA – TEXTO 01 – SEGUNDO SEMESTRE - AGOSTO 2016 – SEGUNDO E TERCEIROS ANOS – TEXTO 01
“ESCOLA SEM
PARTIDO” OU ESCOLA SEM DIREITOS HUMANOS?
(Daniel
Sarmento – Professor titular de direito constitucional da UERJ, advogado e
conselheiro do instituto UNICEUB de Cidadania (IUC).
Vivemos em uma sociedade marcada pela
exclusão, que é opressiva em relação a grupos como negros, mulheres,
homossexuais, pessoas com deficiência e minorias religiosas. É muito difícil
combater essa injustiça, por que ela não se limita à prática pontual e episódica
de atos reprováveis por “pessoas más”. Pelo contrário, tal patologia tem
caráter estrutural, pois impregnam a cultura e a mentalidade dos brasileiros.
Por isso, muito mais do que a opinião, o remédio eficaz para o combate desse grave
problema é a educação. Uma educação que forme pessoas mais abertas e
solidárias, que respeite e sinta empatia pelo outro, capazes de enxergar
igualdade em meio ás diferenças.
A educação não serve apenas para fornecer
conhecimento formal aos estudantes ou para prepará-los para o ingresso no mercado de trabalho - embora também
deva desempenhar essas importantíssimas funções. Mais do que isso, ela tem o
papel fundamental de promover “o pleno desenvolvimento da pessoa”, bem como o
seu “preparo para o exercício da cidadania”. Quem disse essas palavras não foi
Paulo Freire, tão detestado pelos reacionários do passado e do presente, ou
qualquer outro educador. Foi a Constituição Federal, no artigo 206.
Daí o absurdo do movimento que se autointitula
“Escola sem Partido” o qual vem ganhando corpo no país. Esse movimento
patrocina projetos de lei no Congresso Nacional e Câmaras de vereadores, que visam,
acima de tudo, a impedir que se promova na escola uma cosmovisão, especialmente
nos campos da identidade sexual e da igualdade de gênero A luta é para manter a
todo custo o preconceito enraizado na sociedade, cortando pela raiz o risco de mudanças
nos corações e mentes de nossas crianças e jovens.
Nessa linha, o Projeto de Lei nº
867/2015, em trâmite na Câmara dos Deputados, deseja proibir “a veiculação de
conteúdos ou a realização de atividades, que possam estar em conflito com as
convicções religiosas ou morais dos pais ou responsáveis pelos estudantes”
(Art. 3° parágrafo 1º). Se os pais cultivam ideias e valores preceituosos ou até
fascistas - parece dizer o projeto – então é direito deles que seus filhos
sigam a mesma linha. Se, para esses pais, casais gays são uma abominação, “bandido
bom é bandido morto” e mulheres sexualmente livres merecem ser estupradas, não
cabe á escola promover valores mais democráticos, mas endossar aqueles professados
pelas famílias, ou, no máximo, manter-se em silêncio obsequioso diante da
barbárie.
Não bastasse o movimento ¨Escola sem
Partido¨, sob o pretexto de combater a doutrinação ideológica em sala de aula, propõe também a instituição da mordaça
para os professores, cerceando o direito de imprimirem um tom mais crítico ás
lições. Isso, evidentemente fere de morte a liberdade de cátedra, que é
garantida constitucionalmente (Art. 206, inciso II, Constituição). E as
restrições propostas são tão vagas e genéricas que, se aprovadas, nenhum professor
se sentirá seguro para ministrar as suas aulas em paz.
O ¨Escola sem Partido¨ incorre em dois equívocos
conceituais, quando afirma lutar pela neutralidade política e ideológica no
campo educacional. Em primeiro lugar, professores são pessoas e não robôs, e
por isso naturalmente projetam suas crenças e valores nas respectivas atividades
pedagógicas. O fenômeno é inevitável e não pode ser criminalizado. Em segundo lugar,
no Brasil, o sistema de ensino não deve ser neutro nas questões que incomodam a
turma do ¨Escola sem Partido¨. Pelo contrário,
em temas atinentes à igualdade e ao respeito à diversidade, o dever dos
educadores e das instituições de ensino é de tomarem um claro partido: a
defesa da inclusão social e dos direitos humanos, nos termos da Constituição.
Em suma, ¨Escola sem Partido¨ é uma
designação enganosa. O nome, espertamente escolhido, pode atrair a simpatia de
alguns incautos, pois afinal nenhuma pessoa com bom senso é favorável à
partidarização das escolas. Porém, o que tal movimento realmente deseja é uma
¨escola sem diversidade¨, uma ¨escola sem crítica¨. Quem sabe até com a volta
da palmatória, sem personagens negros ou indígenas nos livros didáticos de
História e com o estudo de Adão e Eva em vez da teoria da seleção natural nas
aulas de Ciências. Felizmente, no meio do caminho há uma Constituição.
(publicado no Correio Braziliense de julho de 2016, pag. 11).
(publicado no Correio Braziliense de julho de 2016, pag. 11).
ATIVIDADES
DO TEXTO 01
1. Faça
uma biografia de Josué de castro.
2. Qual
o livro mais importante de Josué de castro e qual o tema central do livro?
3. Porque
Josué de Castro era chamado de “Cidadão do mundo”?
4. Segundo
o texto, quais grupos sociais são excluídos da sociedade e qual o remédio para
combater a exclusão?
5. Que
tipo de educação o texto sugere?
6. O
que o movimento ¨Escola sem Partido¨ pretende que a escola promova?
7. O
que significa, segundo o texto, ¨amordaçar o professor¨?
8. Em
quais equívocos o movimento ¨Escola sem Partido¨ incorre, segundo o autor do
texto?
9. Ainda
segundo o texto, qual o dever dos educadores e das instituições de ensino?
10.
Para que serve a educação, de acordo com
o texto?
11.
Pesquise
o significado das palavras e conceitos abaixo:
·
Exclusão
·
Mentalidade
·
Cidadania
·
Cosmovisão
·
Igualdade
de gênero
·
Identidade
sexual
·
Convicções
·
Endossar
·
Cercear
·
Restrições
·
Ministrar
·
Conceituais
·
Atinentes
. empatia
. empatia
·
Inclusão
·
Diversidade
·
Teoria da seleção natural.
·
Igualdade de gênero
· Identidade
sexual ,
12.
Em
sua opinião, como a Escola deveria ser?
as respostas tem que ser manuscrita ou pode ser digitada?
ResponderExcluir"só manuscrita" palavra de Jorge Ghezo, já o texto pode ser imprimido
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