Acorda,
Brasil!
(Rodrigo Craveiro, Jornalista)
Somos o país da propina, do
escracho, da vantagem sobre o outro, da valorização da riqueza a qualquer
custo, das negociatas políticas, independentes de escrúpulos, da hipocrisia
deslavada e da aversão à ética. Desse cedo, muitos de nós aprendemos a furar a
fila no banco, a nos calarmos quando o troco está errado a nosso favor, a
surrupiar o assento preferencial no ônibus, a ignorar as necessidades alheias.
Mais tarde, permitimos trair nossos ideais com o voto de cabresto. Elegemos os
nossos líderes por conveniência, não por ideologia ou após profunda reflexão
sore os rumos de nossa nação. Às vezes colocamos alguém no poder à custa de
falsas promessas. A consequência quase sempre é desastrosa.
Muitos de nós, atrelados a paixões
partidárias ou a arroubos ideológicos, pulverizamos o bom senso, em vez de
instigarmos o próximo a se unir a nós em uma batalha pela moral na politica,
preferimos lutar contra ele por pensarmos de forma diferente. Nenhum povo
desunido consegue mudar o seu destino. Somos por demais apolíticos. Enquanto a
chibata desce sobre nosso lombo, engolimos o choro e a saliva e aquiescemos.
Aceitamos que o governo pise a
Consolidação das Leis do Trabalho e aprove uma polêmica terceirização que muito
provavelmente saqueará empregos e projetos de vida. Nós nos silenciamos ante um
projeto imoral, retrógrado e absurdo da reforma da previdência, o qual vai
distanciar o trabalhador da aposentadoria, enquanto os nossos políticos vão gozar
da mesma com sombra, água fresca e uísque importado, temos a cara de pau de
defender a volta do regime militar quando tantas pessoas pereceram nas
masmorras e no pau-de-arara da ditadura. É a torcida para que tudo dê errado no
Brasil.
Qualquer transformação somente
ocorrerá com a força das ruas, com protestos pacíficos e democráticos, cujas
demandas estejam expostas em agendas claras. Antes de tudo, precisamos
reconhecer as distorções da política, a contaminação da corrupção a exigir
profunda reforma, ainda que a mesma contrarie interesses pessoais e mesquinhos
de nossos parlamentares, aferrados ao poder. Somente quando a ética e a
preocupação com o bem-estar social e a consciência cidadã prevalecerem teremos
condições de construir um Brasil de verdade. E de sepultar políticos e atitudes
que tanto fizeram mal ao nosso país, gigante adormecido em berço esplêndido,
talvez inebriado pela corrupção e pela vergonha.
(publicado
em Correio Braziliense - coluna Opinião
– 20 de março de 2017 – pág. 12).
ATIVIDADES
DO TEXTO.
1. Como o
autor define o Brasil?
2. A quais hábitos antiéticos estamos
habituados, segundo o texto?
4. O que é
a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)?
5. Defina o
que é o Voto de Cabresto.
6. Como o
autor vê a reforma da previdência?
7. O que
foi a ditadura (regime) militar de 1964 no Brasil?
8. Quando
poderemos construir um Brasil de verdade, segundo o texto?
9. O que é
consciência cidadã?
10 Pesquise
o significado dos termos e/ou conceitos:
Deslavada - Demanda - esplêndido –
Surripiar - Ideologia – Arroubos – Apolítico - Política – Perecer - Masmorra - Pau-de-Arara
(no texto!) – Aferrados - Demandas – Ética
– Neocolonialismo – Nazismo – Socialismo – Comunismo – Guerra Fria – Partilha da
África.
1. Faça uma biografia
das personagens abaixo:
11.
Paulo Freire - Joaquim Nabuco - Gilberto Freyre - Cecília Meirelles –Henfil -
Nise da Silveira – Betinho - Clarice Lispector - Oscar Niemeyer - Glauber Rocha
- Villa Lobos – Ruth de Souza – Carolina Maria de Jesus – Elisa Lucinda - Chica
da Silva.
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Respeito é palavra prática.