DOSSIÊ DE
HISTÓRIA – TEXTO 05 (cinco)
SEGUNDOS ANOS. 31março2018
Escola sem partido
(Severino
Francisco – Correio Braziliense – Crônica da cidade – publicada em
06abril2017).
Sob a suposta intenção de combater a doutrinação
ideológica marxista e a doutrinação de gênero, o movimento Escola sem partido
pretende impor a neutralidade dos professores em questões políticas, religiosas
e ideológicas. A proposta fere, obviamente, vários princípios da Constituição:
a liberdade de opinião, a liberdade de cátedra, o direito à pluralidade de
ideias e de propostas pedagógicas nos ambientes de ensino.
Artigo publicado no site do movimento
Escola sem partido nega aos professores a condição de educadores e os reduz a
mera função de “transmissores de conhecimento”. Vamos a alguns exemplos.
Lecionei durante quase 10 anos. Eu pergunto: ao tratar, em sala de aula, da
história brasileira, como permanecer neutro em faze da evidência de que o nosso
país foi o último a abolir o trabalho escravo no mundo e das consequências
históricas de tal fato? Joaquim Nabuco, o grande líder abolicionista, dizia: “O
problema não é abolir a escravidão; o problema é abolir a obra da escravidão”.
Como se manter neutro diante da
constatação de que Hitler se inspirou na estatuária grega para formular a
confusa concepção própria de eugenia, de raça supostamente pura, que desembocou
na tragédia da cremação de milhares de judeus durante o nazismo?
Ainda bem que a proposta aprovada pela
Assembleia Legislativa de
Alagoas foi brecada no STF pelo ministro Luís Roberto Barroso. No fundo, o Escola sem partido tenta censurar o debate sobre questões contemporâneas e históricas em sala de aula. Uma escola sem partidos forma cidadãos destituídos de consciência crítica, cidadãos alienados, que votam em políticos corruptos, como a maioria que compõe o Congresso Nacional. Políticos que, mesmo sob a acusação de recebimento de propina, ainda têm o desplante de cometer novo delito ao legislar projetos em causa própria para anistiar seus crimes.
Alagoas foi brecada no STF pelo ministro Luís Roberto Barroso. No fundo, o Escola sem partido tenta censurar o debate sobre questões contemporâneas e históricas em sala de aula. Uma escola sem partidos forma cidadãos destituídos de consciência crítica, cidadãos alienados, que votam em políticos corruptos, como a maioria que compõe o Congresso Nacional. Políticos que, mesmo sob a acusação de recebimento de propina, ainda têm o desplante de cometer novo delito ao legislar projetos em causa própria para anistiar seus crimes.
Com suas artimanhas e abuso de poder,
eles poderão livrar-se da punição do Judiciário, mas jamais escaparão do
julgamento da História. Aparecerão em todos os compêndios na condição e
ladrões, de autores de falcatruas, de meliantes de colarinho branco, de
articuladores da corrupção sistêmica.
Escola
sem partido não forma um Gilberto Freyre, uma Cecília Meirelles, um Henfil, uma
Nise da Silveira, um Betinho, uma Clarice Lispector, um Joaquim Nabuco, um
Oscar Niemeyer, um Glauber Rocha, um Villa Lobos ou um Caetano Veloso. Todos
eles eram brasileiros críticos, rebeldes, inventivos, insubmissos.
Escola sem partido formata uma legião de
cordeirinhos manipulados ou de lobos intolerantes, ignorantes, dogmáticos e
ferozes. É um projeto policialesco de desqualificação e criminalização dos
educadores. O professor não é um transmissor de conhecimento: ele é a alma da
educação e precisa ser respeitado, valorizado e dignificado.
Só assim formaremos cidadãos
inteligentes, decentes, generosos, tolerantes, humanista, solidários, livres,
conscientes de direitos e deveres, capazes de se situarem na complexidade da
aldeia global em que vivemos. Cidadãos
vacinados contra os fundamentalismos, cidadãos que não se deixem manipular por
demagogos, cidadãos que jamais votem em corruptos de carteirinha, pós-graduados
e diplomados. A ignorância é uma fonte inesgotável do surrealismo.
1.
Pesquise
o significado das palavras abaixo, encontradas no texto:
Doutrinação
– Marxismo – Ideologia – Constituição - Cátedra - Pedagogia – Abolir -
Movimento abolicionista – Eugenia – Alienado - Consciência crítica - Propina -
Falcatruas - Corrupção sistêmica – Insubmisso – Dogma – Humanismo - Aldeia
global – Fundamentalismo – Demagogia - Surrealismo.
2. Faça uma biografia
das personagens
– 1.Joaquim Nabuco – 2.Gilberto Freyre – 3.Cecília Meirelles – 4.Henfil – 5.Nise
da Silveira – 6.Betinho – 7.Clarice Lispector – 8.Oscar 9.Niemeyer – 10.Glauber
Rocha – 11.Villa Lobos – 12.Ruth de Souza – 13.Carolina Maria de Jesus – 14.Elisa
Lucinda – 14.Chica da Silva- 15.Caetano Veloso.
3. O que o movimento Escola Sem Partido
alega combater e o que pretende impor a alunos e professores?
4. Qual lei essa proposta fere e por
quê?
5. Qual a consequência direta da
aprovação de projeto como esse “escola sem partido”?
6.Cite três fatos históricos
apontados no texto.
7. Que modelo de escola pode
formar cidadãos conscientes?
8. Segundo o texto, qual “o que”
é o professor?
9. Quais as consequências de uma
escola com professores respeitados, valorizados e dignificados?
10. Faça uma crítica do método de
trabalho do professor de história.
4.
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Respeito é palavra prática.