DOSSIÊ
DE HISTÓRIA
TEXTO 03 TERCEIROS ANOS - 27MARÇO2018
MUNDO SEM FILOSOFIA
DIOCLÉCIO CAMPOS
JÚNIOR – Publicado no Correio Brasiliense –
21julho2017.
O
panorama da atualidade mundial é desolador. Revela-se uma trágica realidade
justamente na era científica da história da espécie humana. Os hábitos e
costumes tornam-se animalizados, num ciclo de decadência comportamental que
se contrapõe aos sonhos civilizatórios. Nova e refinada
escravatura ganha a dimensão industrial graças ao consumismo delirante. As iniquidades sociais
perpetuam-se dissimuladamente, embora bem visíveis. A tecnologia passou a ser
modalidade de linguagem destinada ao domínio imperial. A alma da paz é sufocada
pela arma da guerra. Bombardeios fazem parte do cotidiano do Planeta. Suas
vítimas morrem ou sobrevivem, a duras penas, nos campos de refugiados,
testemunhando a carência do humanismo verdadeiro, sem o qual
não se constrói uma sociedade legítima. Ademais, a redução aparentemente irreversível
da taxa de natalidade, viabilizada pelos métodos científicos, alcança níveis
incapazes de renovar a população e evitar a auto-extinção da espécie nos
próximos séculos.
As
inovações científicas são incontestáveis. Acrescentam a perspectiva de maior
conforto material á vida humana. Geram, no entanto, o ambiente no qual prospera
a fé dogmática na tecnologia como novo perfil
religioso do século e propiciam distintas versões de
relacionamento interativo entre as pessoas, única e tão
somente no universo virtual. Como consequência, delineia-se progressivamente,
uma ruptura radical com os valores do passado construídos em outra lógica.
Desconfiguram-se virtudes mentais e intelectuais que permitiram sustentar a
capacidade de abstração interpretativa e crítica,
que diferenciou a espécie homo sapiens das outras.
Constata-se, de fato, a nítida evidência das causas que explicam a caótica e
deprimente situação rumo à qual a humanidade parece caminhar.
O monoteísmo cientificista não
se justifica, carece da dimensão que lhe é atribuída como tal. A pesquisa
científica representa inquestionável progresso. Assegurou a formulação da metodologia investigativa,
baseada no princípio da observação, muito bem concebida por Francis
Bacon, no século 18. Foi, porém, divinizada qual fonte de verdade absoluta.
Consolidou-se, desde então, novo poder em detrimento da
sabedoria que se buscava difundir educadamente ao longo do
tempo. A filosofia perdeu espaço no contexto
educacional, invadido e ocupado pela ciência em todas as suas concepções. Há
não muito tempo, a investigação científica era identificada como atividade
predominantemente de análise. Remexia em diferentes e múltiplas áreas materiais
ou substanciais, suscitando conhecimentos específicos cada vez
mais profundos, porém limitados no conteúdo. Já a filosofia, que não é
ciência nem religião, tem origem nos mais antigos tempos
da sociedade. Corresponde à dinâmica intelectual desenvolvida pela espécie na
perspectiva extraordinária de agregar conhecimentos isolados, identificar-lhes
as afinidades conceituais potencialmente construtivas, valendo-se da análise
científica para elaborar a síntese abrangente, geradora de princípios, teorias
e doutrinas concebidos em favor da humanidade.
O
grande legado de pensadores e filósofos dos velhos tempos acabou excluído dos
conteúdos educacionais do presente. São exemplos marcantes a teoria
evolucionista, a doutrina dos direitos, a dialética, os princípios
cartesianos. A evolução intelectual dos povos está deliberadamente
desconstruída. A análise superou a síntese afastando-a do contexto da produção
de conhecimentos. Há mais de um século, nenhuma teoria filosófica foi
produzida. O desenvolvimento do ato de pensar, principal essência do
humanismo, sofre absurdo desestímulo. O abandono desse tão precioso modus
operandi mental está na gênese das sucessivas e
devastadoras crises socioeconômicas que abalam a estrutura da humanidade em
distintos países, inclusive o Brasil. O desaparecimento da liberdade de pensar
esvaziou o cultivo do imprescindível respeito, individual e coletivo, aos
valores morais e éticos.
A
corrupta cultura do vale tudo retoma o comando dos novos tempos. A educação
estatizada, institucionalizada e virtualizada ganha
corpo, mas perde a mente. A ditadura da análise avoluma-se em detrimento da
síntese filosófica, que não deixa de perder terreno na sociedade
atual. Os direitos humanos, oriundos da livre construção
intelectual, desintegram-se a olhos vistos. Para as pessoas, segundo Will
Durant, “mais vale um punhado de poder do que uma mochila cheia de
direitos”. Sem filosofia, não haverá educação.
ATIVIDADES:
1- Pesquise o significado das palavras e conceitos
abaixo:
1.Contrapor – 2.Iniquidades –
3.Humanismo – 4.Dogmática – 5.Tecnologia -6.propiciar – 7.interativo –
8.abstrair – 9.criticar – 10. Homo Sapiens – 11.monoteísmo 12.cientificista –
13.metodologia – 14.Princípio da Observação – 15.detrimento – 16.Filosofia –
17.suscitar – 18.ciência – 19.religião – 20.Teoria Evolucionista – 21.Doutrina
dos Direitos Humanos – 22.dialética – 23.Princípios Cartesianos –
24.Essência – 25.Modus Operandi – 26.gênese – 17.educação – 28.estatizada –
29.institucionalizada – 30.virtualizada – 31.detrimento – 32.moral – 33.ética –
34.doutrina- 35. Ditadura
2. Com base nas informações do texto,
responda as questões:
A. Segundo o autor, qual o papel do
humanismo?
B. Quais as vantagens e desvantagens
das inovações científicas?
C. Por que a filosofia perdeu espaço?
D. Segundo o texto, o que é filosofia? Qual a
consequência do desaparecimento da liberdade de pensar? O que acontece com os
direitos humanos?
3. Faça uma pequena biografia das personalidades
abaixo:
1.
· Mahatma Gandhi.
2.
· Nelson Mandela
3.
· Francis Bacon
4.
· Will Durant
5.
· Michel Foucault
6.
· Noam Comsky
7.
· Júlia Kristeva
8.
· Friedrich Nietsche
9.
· Simone de Beavoir
10. ·10.
Jacques Derrida
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