TEXTO 05 - SEGUNDOS ANOS - Publicado em 17setembro2018
Escola sem
partido
(Severino
Francisco – Correio Braziliense – Crônica da cidade – publicada em
06abril2017).
Sob a suposta intenção de combater a
doutrinação ideológica marxista e a doutrinação de gênero, o movimento Escola
sem partido pretende impor a neutralidade dos professores em questões
políticas, religiosas e ideológicas. A proposta fere, obviamente, vários
princípios da Constituição: a liberdade de opinião, a liberdade de cátedra, o
direito à pluralidade de ideias e de propostas pedagógicas nos ambientes de
ensino.
Artigo publicado no site do movimento
Escola sem partido nega aos professores a condição de educadores e os reduz a
mera função de “transmissores de conhecimento”. Vamos a alguns exemplos.
Lecionei durante quase 10 anos. Eu pergunto: ao tratar, em sala de aula, da
história brasileira, como permanecer neutro em faze da evidência de que o nosso
país foi o último a abolir o trabalho escravo no mundo e das consequências históricas
de tal fato? Joaquim Nabuco, o grande líder abolicionista, dizia: “O problema
não é abolir a escravidão; o problema é abolir a obra da escravidão”.
Como se manter neutro diante da
constatação de que Hitler se inspirou na estatuária grega para formular a
confusa concepção própria de eugenia, de raça supostamente pura, que desembocou
na tragédia da cremação de milhares de judeus durante o nazismo?
Ainda bem que a proposta aprovada pela
Assembleia Legislativa de
Alagoas foi brecada no STF pelo ministro Luís Roberto Barroso. No fundo, o Escola sem partido tenta censurar o debate sobre questões contemporâneas e históricas em sala de aula. Uma escola sem partidos forma cidadãos destituídos de consciência crítica, cidadãos alienados, que votam em políticos corruptos, como a maioria que compõe o Congresso Nacional. Políticos que, mesmo sob a acusação de recebimento de propina, ainda têm o desplante de cometer novo delito ao legislar projetos em causa própria para anistiar seus crimes.
Alagoas foi brecada no STF pelo ministro Luís Roberto Barroso. No fundo, o Escola sem partido tenta censurar o debate sobre questões contemporâneas e históricas em sala de aula. Uma escola sem partidos forma cidadãos destituídos de consciência crítica, cidadãos alienados, que votam em políticos corruptos, como a maioria que compõe o Congresso Nacional. Políticos que, mesmo sob a acusação de recebimento de propina, ainda têm o desplante de cometer novo delito ao legislar projetos em causa própria para anistiar seus crimes.
Com suas artimanhas e abuso de poder,
eles poderão livrar-se da punição do Judiciário, mas jamais escaparão do
julgamento da História. Aparecerão em todos os compêndios na condição e
ladrões, de autores de falcatruas, de meliantes de colarinho branco, de
articuladores da corrupção sistêmica.
Escola
sem partido não forma um Gilberto Freyre, uma Cecília Meirelles, um Henfil, uma
Nise da Silveira, um Betinho, uma Clarice Lispector, um Joaquim Nabuco, um
Oscar Niemeyer, um Glauber Rocha, um Villa Lobos ou um Caetano Veloso. Todos eles
eram brasileiros críticos, rebeldes, inventivos, insubmissos.
Escola sem partido formata uma legião de
cordeirinhos manipulados ou de lobos intolerantes, ignorantes, dogmáticos e
ferozes. É um projeto policialesco de desqualificação e criminalização dos
educadores. O professor não é um transmissor de conhecimento: ele é a alma da
educação e precisa ser respeitado, valorizado e dignificado.
Só assim formaremos cidadãos
inteligentes, decentes, generosos, tolerantes, humanista, solidários, livres,
conscientes de direitos e deveres, capazes de se situarem na complexidade da
aldeia global em que vivemos. Cidadãos
vacinados contra os fundamentalismos, cidadãos que não se deixem manipular por
demagogos, cidadãos que jamais votem em corruptos de carteirinha, pós-graduados
e diplomados. A ignorância é uma fonte inesgotável do surrealismo.
1. 1. Pesquise
o significado das palavras abaixo, encontradas no texto:
Doutrinação
– Marxismo – Ideologia – Constituição - Cátedra - Pedagogia – Abolir -
Movimento abolicionista – Eugenia – Alienado - Consciência crítica - Propina -
Falcatruas - Corrupção sistêmica – Insubmisso – Dogma – Humanismo - Aldeia
global – Fundamentalismo – Demagogia - Surrealismo.
2. 2.. Faça uma
biografia das personagens
–
Joaquim Nabuco
Gilberto Freyre
Cecília
Meirelles
Henfil
Nise da Silveira
Betinho
Clarice
Lispector
Oscar Niemeyer
Glauber Rocha
Villa Lobos
Ruth de Souza
Carolina Maria
de Jesus
Elisa Lucinda
Chica da Silva
Caetano Veloso
Gilberto Gil
Nei Lopes,
3. O que o movimento Escola Sem
Partido alega combater e o que pretende impor a alunos e professores?
4. Qual lei essa proposta fere e
por quê?
5. Qual a consequência direta da
aprovação de projeto como esse “escola sem partido”?
6.Cite três fatos históricos apontados
no texto.
7. Que modelo de escola pode
formar cidadãos conscientes?
8. Segundo o texto, “o que” é o
professor?
9. Quais as consequências de uma
escola com professores respeitados, valorizados e dignificados?
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Respeito é palavra prática.