OS DIREITOS DAS MULHERES E O DESENVOLVIMENTO
ALÍCIA BARCENA – SECRETÁRIA EXECUTIVA DA CEPAL –
PUBLICADO EM 21 DE MARÇO DE 2019 – CORREIO BRAZILIENSE – PÁGINA 11 – EDITORIA
“OPINIÃO”.
Desde o início do século XX, março tem
sido um mês-chave para as lutas pelos direitos das mulheres que apesar dos persistentes
obstáculos, têm alcançado enormes conquistas na busca para garantir sua
autonomia física, econômica e na tomada de decisões.
Na América Latina e no Caribe as
mulheres tem sido capazes de suportar obstáculos, de organizar-se, e de
construir um olhar regional, já que tem participado ativamente dos debates
globais. Apesar de todos esses esforços, a desigualdade de gênero continua
sendo uma característica estrutural de nossa região.
Em nossos países, a discriminação e a
violência contra as mulheres se mantêm como uma problemática que se manifesta
nos lares, nos espaços públicos, nos ambientes de estudo e de Trabalho e que
exerce impacto de forma decisiva em suas possibilidades de gerar renda própria,
de empreender, de superar a pobreza e de desenvolver-se no âmbito profissional
e pessoal.
Hoje, em nosso continente, a pobreza
ainda tem rosto de mulher: a cada 100 homens nessa condição, há 118 mulheres
que não conseguem ultrapassar a linha das privações. Aproximadamente um terço
das mulheres latino-americanas (29%) não consegue gerar renda e são
economicamente dependentes e quase a metade não tem vínculo com o mercado de
trabalho. Além disso, apesar dos esforços de redução da diferença salarial nas
últimas décadas, as mulheres recebem salários 16,1% menores do que o dos homens
na mesma condição. Essa diferença se acentua em mulheres com mais anos de
estudo.
Com relação ao uso do tempo, segundo
medições realizadas em 19 países da América Latina, as mulheres dedicam dois
terços de seu tempo ao trabalho não remunerado, ou seja, ao cuidado de pessoas
dependentes e ao trabalho doméstico, e um terço ao mercado de trabalho. No caso
dos homens, a proporção é exatamente inversa; eles destinam, a maior parte de
seu tempo ao trabalho remunerado e se inserem em algumas atividades muito
específicas do cuidado, principalmente das crianças.
Em matéria de autonomia física, o
fenômeno extremo do feminicídio tem sido impossível de ser detido na região e
tampouco apresenta sinais de diminuição, apesar de importantes avanços
normativos e de política pública. Pelo menos 2.795 mulheres foram assassinas em
2017 por razões de gênero em 23 países da região, segundo dados oficiais
coletados pelo Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e do
Caribe (OIG), da CEPAL. A taxa de fecundidade em adolescentes é uma das mais
altas do mundo, superada somente pelos países da África Subsaariana. Em geral,
os países latino-americanos e caribenhos possuem uma taxa de maternidade em
adolescentes que está acima de 12%, dado que tende a ser mais expressivo no
grupo de adolescentes de menores rendas e menor nível educativo.
Quanto á autonomia na tomada de
decisões, alguns processos eleitorais na região têm permitido contar com uma
maior presença de mulheres nos parlamentos. Não obstante, as mulheres continuam
sub-representadas nos espaços de tomadas de decisão. Os dados mais recentes
mostram que elas são somente a quarta parte ente os ministros de Estado, e que
sua participação nos gabinetes geralmente concentra-se em ministério de caráter
social e cultural, mais do que em ministérios de caráter econômico. Também, segundo
os indicadores para o seguimento e monitoramento dos Objetivos de
Desenvolvimento e monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a
região conta com 29,2% de mulheres vereadoras eleitas nos governos em nível
local.
Na Cepal temos a convicção de que a
desigualdade de gênero, além de ser injusta, é profundamente ineficiente, é um
obstáculo que conspira contra o desenvolvimento sustentável. Por isso, nessa
nova comemoração do Dia Internacional da Mulher, insistimos na urgência de
reconhecer os direitos das mulheres e da igualdade como elementos centrais e
transversais de toda ação do Estado para fortalecer a democracia e para um
desenvolvimento inclusivo e sustentável.
1.
Com base no texto, responda as questões abaixo.
1. Quando e por que foi criado o Dia
Internacional da Mulher?
2. Como se mantêm, em nossos países
hoje, a discriminação e a violência contra a mulher?
3. Qual o “rosto” da mulher, hoje, em
nosso continente?
4. Qual a diferença de salários no
Brasil entre homens e mulheres?
5. O que
é “feminicídio”?
6. Qual o número de mulheres
assassinadas em 2017, segundo o texto?
7. Como está a taxa de maternidade entre
adolescentes nos países da região, segundo o texto?
8. Como está distribuída a presença de
mulheres nos parlamentos da região?
9. O que é igualdade de gênero?
10. Você já foi vítima de violência de
gênero?
2.
Pesquise os conceitos e/ou significado das palavras abaixo:
1. CEPAL.
2. Persistência.
3. Globalização.
4. Empreender.
5. Latino-americano.
6. Fecundidade.
7. África Subsaariana
8. Caribe.
9. Desigualdade de gênero.
10. Democracia.
3.
Faça uma biografia das personalidades abaixo:
1. Manoel de Barros.
2. Mário Quintana.
3. Anísio Teixeira.
4. Darcy Ribeiro.
5. Lúcio Costa
6. Oscar Niemeyer.
7. Antônio Gramsci.
8. Mary Del Priori.
9. Plínio Marcos.
10. Rosa Luxemburgo
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