TEXTO A LICENÇA PARA MATAR (Visão do Correio (Editorial) – Correio Braziliense – 02junho2020 – página 10) A vida imita a literatura. Em 1953, o escritor inglês Ian Fleming criou o agente secreto 007. A serviço de Sua Majestade, o perito em artes marciais, cercado de charme, elegância e belas mulheres, combatia o mal pelo mundo. O “00” que ostentava dava-lhe licença para matar. Levado para o cinema, o personagem ganhou notoriedade nos cinco continentes. Cena que viralizou na internet há uma semana lembra a obra de Fleming. Trata-se do cruel assassinato de George Floyd pelo agente Derek Chauvin. Com a conivência de três colegas fardados ele sufoca, com a pressão do joelho sobre o pescoço, o homem algemado que gemia a frase “não poso respirar”. A tortura durou nove minutos. Floyd morreu pouco depois. Era negro. A resposta veio em manifestações antirracistas formadas por brancos e negros que tomam as ruas de Minneapolis, palco do homicídio