TEXTO
A
LICENÇA PARA MATAR
(Visão do Correio (Editorial) – Correio Braziliense –
02junho2020 – página 10)
A vida imita a literatura. Em 1953, o
escritor inglês Ian Fleming criou o agente secreto 007. A serviço de Sua
Majestade, o perito em artes marciais, cercado de charme, elegância e belas
mulheres, combatia o mal pelo mundo. O “00” que ostentava dava-lhe licença para
matar. Levado para o cinema, o personagem ganhou notoriedade nos cinco
continentes.
Cena que viralizou na internet há uma
semana lembra a obra de Fleming. Trata-se do cruel assassinato de George Floyd
pelo agente Derek Chauvin. Com a conivência de três colegas fardados ele
sufoca, com a pressão do joelho sobre o pescoço, o homem algemado que gemia a
frase “não poso respirar”. A tortura durou nove minutos. Floyd morreu pouco
depois. Era negro.
A resposta veio em manifestações
antirracistas formadas por brancos e negros que tomam as ruas de Minneapolis,
palco do homicídio, e se espalharam por 75 cidades do país – 25 delas declararam
toque de recolher e 15 estados recorreram à Guarda Nacional. Cartazes e faixas
exibem os dizeres “Vidas negas importam”, “Não posso respirar”, “Sem justiça
não há paz”.
De norte a sul, de leste a oeste,
multidões protestam contra a violência policial – algumas pacíficas, outras
marcadas por confrontos, saques e incêndio de carro e prédios. Em Washington,
diante da Casa Branca, os embates obrigaram o presidente Donald Trump a
refugiar-se em um bunker.
O homicídio de Floyd foi a gota d’água
no mar de tensões raciais que se acumulam no país. É conhecida a violência com
que policiais abordam negros, considerados suspeitos em razão da cor da pele.
Protegido pela imunidade qualificada – mecanismo semelhante ao excludente de
ilicitude de Sério Moro e rejeitado pelo Congresso – eles têm licença para
matar.
Sistematizada em decisões da Suprema
Corte, a doutrina quase impossibilita a condenação judicial de policias
envolvidos em atos de abuso e barbárie. Somam-se ao preconceito os efeitos da
covid-19, que, além de vidas, ceifou postos de trabalho: 40 milhões de
americanos - leia-se estadunidenses!, estão desempregados, a maioria afrodescendente ou
de origem latina.
O clamor dos manifestantes é um grito
de basta. Basta ao racismo estrutural que, nas palavras do prefeito de Nova York,
é “veneno que permeia a vida de negros todos os dias”. O recado dos protestos é
claro. Não se aceita a brutalidade física e simbólica representada pela morte
de Floyd. Matar imobilizados não é normal. Não pode ser normal – nem na ficção.
TEXTO
B
NEM A PANDEMIA PARA O RACISMO
Quando o coronavírus
se tornou uma pandemia global foi como se o mundo inteiro estivesse na mesma
luta contra um único inimigo mortal em comum: a covid-19. Por um momento,
nossos olhos foram fechados para todos os outros problemas, por que achávamos
que estávamos todos no mesmo barco. Uma ilusão que logo passou.
Apesar de estarmos vivenciando coisas parecidas durante a quarentena, a doença não acabou com outras mazelas, pelo contrário,
expôs o que temos de pior: a desigualdade. Disparidade essa que, na pandemia,
resultou no aumento do desemprego e da violência doméstica e ainda na maior mortalidade
da doença nas periferias e nas classes mais pobres. Já não bastasse tudo isso,
nem mesmo uma epidemia mundial foi capaz de cessar outro problema antigo que
maioria das nações finge não existir: o racismo.
Foi enquanto lamentávamos as vítimas
da covid-19 que também nos chocamos com as mortes brutais de dois negros: o
menino brasileiro João Pedro, de apenas 14 anos, assassinado dentro de casa em
uma ação policial no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, e do segurança
George Floyd, estadunidense, asfixiado até a morte numa rua em Minneapolis, no
Estado Unidos, por policiais, em ato que foi filmado.
A morte de Floyd desencadeou uma série
de manifestações nos Estados Unidos. Os atos pedem justiça pelo segurança, mas,
mais do que isso, são uma resposta há anos de tensão racial naquele país,
principalmente, envolvendo a polícia e a comunidade negra. Floyd não é o
primeiro e, se realmente ninguém fizer nada, será o último.
O cenário nos Estados Unidos expõe
também que somos mais parecidos do que imaginávamos. Aqui, no Brasil, também há
um racismo estrutural e velado que parece ser sem fim. João Pedro perdeu a
vida, como tantos outros negros, adultos e crianças, por conta dessa supremacia
branca que coloca os negros em inferioridade, seja o impedindo de ocupar os
espaços de poder, seja ceifando suas vidas, antes mesmo de qualquer coisa.
É por isso que o grito “vidas negra
importam” ecoa nos Estados Unidos e começa a ecoar com mais força por aqui
também. Estamos todos cansados de ver corpos negros no chão, da violência
gratuita e as ofensas criminosas. Queremos todos, simplesmente, respirar. Essa
luta é de todos. Mais do que não ser racista, é preciso ser antirracista.
Atividade
dos textos.
ATIVIDADE
01 – usando os textos como suporte, bem como sua experiência de vida, responda
as questões:
1. Quais temas são abordados nos textos?
2. Você
ouviu/leu/soube dos crimes narrados nos textos?
3. Por
que, em sua opinião, há violência policial no Brasil? Ela atinge negros e
brancos, ricos e pobres, da mesma forma?
4. O
que é “Racismo Estrutural”?
5. Em
questões de racismo, o que nos faz similar aos Estados Unidos, conforme o texto
B?
6. Você
já foi vítima de algum preconceito? Se foi, como reagiu? Se ainda não foi, e se
for, saberá como reagir? Conhece alguém que foi vítima de violência policial em
sua comunidade? Se sabe e se possível, relate.
7. O
que você entendeu com a frase “achávamos que estávamos no mesmo barco. Uma
ilusão que logo passou” (1º parágrafo, texto B), relacionado ao Covid-19?
ATIVIDADE
02 – Sabendo
o que as palavras significam: pesquise os sinônimos
e/ou os conceitos abaixo:
1. Notoriedade
2.
Tortura
3.
Embate
4.
Congresso
5.
Doutrina
6.
Ceifar
7.
Latino
8.
Clamor
9.
Mazela
10. Desencadear
11. Similar.
11. Similar.
ATIVIDADE
03 – pesquise as Biografias abaixo: (Conheça uma galera Massa!)
1. Torquato
Neto
2.
Madre Tereza de Calcutá.
3.
Mahatma Gandhi.
4.
Malcolm X
5.
Martin Luther King.
6.
José Saramago.
7.
Euclides da Cunha
8.
Jorge Amado.
9.
Virgínia Woolf.
10. Homero.
Queridos alunos: aproveitem, deleitem-se, aprendam. No futuro vocês me entenderão. Agradeço a todo que se interessarem em abrir os olhos e olhar o mundo com mais razão e menos ideologia cega; mais amor e menos preconceito criminoso. Inté!!
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Respeito é palavra prática.