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DOSSIÊ DE HISTÓRIA – PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIROS ANOS - TEXTO 03 - PRIMEIRO SEMESTRE/ 2020




CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?
Paulo Nogueira Batista Jr.
(Publicado em “Carta Capital - ano XXIV - número 1021 - setembro2018 / página 37).


            Nós, economistas, somos extraordinários profetas - mas do passado, só do passado. E temos dificuldades até com o passado, pois o Brasil também é muito difícil de prever.
            Há exceções, porém. Em artigo publicado nesta coluna em junho, há três meses, arrisquei algumas alterações eleitorais. Escrevi o seguinte: “nenhum candidato remotamente associado a Temer e ao golpe de 2016 tem chances de vencer uma seleção em outubro (...) ou favoritismo parecer ser candidato a esquerda / centro-esquerda. Bolsonaro, único candidato competitivo pela direita, pode chegar ao segundo turno, mas dificilmente vence a seleção (...) tudo indica que a candidatura de Lula não será permitida. Um candidato indicado por ele, porém, possui um forte (...) Ciro Gomes, também um candidato forte de oposição, tem experiência intensa, está com discurso afiado e evoluiu de forma favorável às pesquisas de intenção de voto ”. ( O Brasil não quebrou - 13 de junho de 2018 ).
            Essas alterações sobrevivam até agora. Talvez parecesse otimistas na época, mas hoje são amplamente compartilhados. Com Haddad indicado para a cabeça de chapa pelo PT, o rolo completo de candidatos à Presidência. Ele entra à tarde, mas com força de quem representa Lula. Ciro também vem crescendo. Um dos dois enfrentou Bolsonaro no segundo turno.
            Assim, é muito provável que o brasileiro se defronte com uma dramática disjuntiva; civilização ou barbárie? É por isso que a seleção de outubro está sendo vista ou como mais importante desde a redemocratização.
            Antigamente, à esquerda, mais confiante, proclamar em situações semelhantes: socialismo ou barbárie? Foi o tempo. O horizonte dos adversários da barbárie estreitou-se consideravelmente. Como ambições são mais modestas. Civilização, não mais socialismo.
            Quando alguém no Ocidente fala em “civilização”, subentende-se, de alguma forma, o conceito de civilização e organização da sociedade. A concepção moderna de civilização tem suas raízes, principalmente nos filosofos franceses do século XVIII e na Revolução de 1789.
            O que impressiona, o leitor é uma resiliência do iluminismo. Desse o século XIX, as forças de trem erguem-se contra ele, com uma pretensão de retomar, restaurar o passado, ou - mais ambiciosos - de ultrapassar-lo. Todo o romantismo foi na essência, uma apaixonada rebelião contra o iluminismo. Marx pretende superar o iluminismo burguês. Nietzsche desconstruiu, de forma brilhante, muitas das ilusões e simplificações iluminadas.
            E, no entanto, a verdade é que os diferentes adversários iluminados tiveram, digamos, algumas dificuldades históricas. Marx, os românticos e Nietzsche não têm muita culpa pelo que fizeram em seus nomes. Mas o marxismo desemboca em Stálin e, mais tarde, sem colapso do socialismo real. Nietzsche e os românticos terminaram associados ao nazismo. Por mais brilhantes e fascinantes que as diferentes alternativas ao iluminar tenham sido, os seus resultados foram bem problemáticos, por dizer o mínimo. De todas essas aspirações nascem órfãos.
            Há 60 anos, Sartre ainda está sujeito a condições declaradas, taxativamente: “O marxismo é uma filosofia insuperável do nosso tempo”. Hoje, com muito mais razão, poderíamos parafrasear-lo e dizer: "O iluminado é uma filosofia insuperável para o nosso tempo", com tudo o que ele inclui ou foi adicionado nos últimos dois séculos: democracia representativa, sufrágio universal, testes dos padrões, Estado de direito, garantias individuais e direitos sociais básicos.
            Digo isso com uma ponta de tristeza. Afinal, é lamentável, depois de dois séculos de reflexão, experiências e aventuras, ou iluminação, mesmo aperfeiçoado e desenvolvido, ainda tem o papel que tem. Sabemos de suas restrições, de sua estreiteza, conhecemos os seus pontos cegos, como suas lacunas. Ele promete pouco e entrega pouco.
            Mas é o que temos. Um iluminação tardia, madura, desencadeada ou comparada a hordas de bárbaras - não apenas no Brasil, mas em grande parte do mundo ocidental, associada à degeneração da democracia, ao populismo direito, à xenofobia e ao retorno cultural.
            Paro e releio ou que escrevi. Acho que viajei. Não era para falar tanto e nem tão longe. Eis, em resumo, o que é preciso dizer agora. Fora Bolsonaro!
(paulonbjr@hotmail.com)
           


Atividades:
1. Responda as perguntas abaixo:

1. Quantas constituições o Brasil já teve? Quando foi promulgada a atual?
2. Qual a diferença entre uma constituição outorgada e uma constituição promulgada?
3. Qual o papel constitucional dos deputados e senadores?
4. O que foi o Estado Novo? Quanto tempo durou?
5. Quando foi instaurada a ditadura militar/empresarial no Brasil? Quanto tempo durou?
6. Segundo texto, para que serve um “iluminismo tardio”?


2.BIOGRAFIAS.

1. Getúlio Vargas.
2. Friedrich Nietzsche.
3. Karl Marx
4. Friedrich Engels.
5. Joseph Stálin.
6. Hitler.
7. Jean Paul Sartre.
8. Mino Carta.
9.Osvaldo Cruz
10.Albert Sabin


3. Pesquise o significado das palavras e conceitos abaixo:
1. Coronavírus
2.Peste Negra.
3. Gripe Espanhola.
4. Iluminismo.
5. Resiliência.
6. Romantismo.
7. Nazismo.
8. Socialismo real.
9. ideologia.
10.Marxismo.
11.Ditadura
12.Extrema-direita.
13.Comunismo.
14.Capitalismo.
15. Endemia
16.Epidemia
17.Pandemia.


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