DOSSIÊ DE HISTÓRIA – PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIROS ANOS -
TEXTO 03 - PRIMEIRO SEMESTRE/ 2020 - publicado em 23março2020
CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?
Paulo Nogueira Batista Jr.
(Publicado em “Carta Capital - ano XXIV - número
1021 - setembro2018 / página 37).
Nós,
economistas, somos extraordinários profetas - mas do passado, só do
passado. E temos dificuldades até com o passado, pois o Brasil também é
muito difícil de prever.
Há
exceções, porém. Em artigo publicado nesta coluna em junho, há três meses,
arrisquei algumas alterações eleitorais. Escrevi o seguinte: “nenhum
candidato remotamente associado a Temer e ao golpe de 2016 tem chances de
vencer uma seleção em outubro (...) ou favoritismo parecer ser candidato a
esquerda / centro-esquerda. Bolsonaro, único candidato competitivo pela
direita, pode chegar ao segundo turno, mas dificilmente vence a seleção (...)
tudo indica que a candidatura de Lula não será permitida. Um candidato
indicado por ele, porém, possui um forte (...) Ciro Gomes, também um candidato
forte de oposição, tem experiência intensa, está com discurso afiado e evoluiu
de forma favorável às pesquisas de intenção de voto ”. ( O Brasil
não quebrou - 13 de junho de 2018 ).
Essas alterações
sobrevivam até agora. Talvez parecesse otimistas na época, mas hoje são
amplamente compartilhados. Com Haddad indicado para a cabeça de chapa pelo
PT, o rolo completo de candidatos à Presidência. Ele entra à tarde, mas
com força de quem representa Lula. Ciro também vem crescendo. Um dos
dois enfrentou Bolsonaro no segundo turno.
Assim,
é muito provável que o brasileiro se defronte com uma dramática
disjuntiva; civilização ou barbárie? É por isso que a seleção de
outubro está sendo vista ou como mais importante desde a redemocratização.
Antigamente,
à esquerda, mais confiante, proclamar em situações semelhantes: socialismo ou
barbárie? Foi o tempo. O horizonte dos adversários da barbárie
estreitou-se consideravelmente. Como ambições são mais
modestas. Civilização, não mais socialismo.
Quando
alguém no Ocidente fala em “civilização”, subentende-se, de alguma forma, o
conceito de civilização e organização da sociedade. A concepção moderna de
civilização tem suas raízes, principalmente nos filosofos franceses do século
XVIII e na Revolução de 1789.
O
que impressiona, o leitor é uma resiliência do iluminismo. Desse o século
XIX, as forças de trem erguem-se contra ele, com uma pretensão de retomar,
restaurar o passado, ou - mais ambiciosos - de ultrapassar-lo. Todo o
romantismo foi na essência, uma apaixonada rebelião contra o
iluminismo. Marx pretende superar o iluminismo burguês. Nietzsche
desconstruiu, de forma brilhante, muitas das ilusões e simplificações
iluminadas.
E,
no entanto, a verdade é que os diferentes adversários iluminados tiveram,
digamos, algumas dificuldades históricas. Marx, os românticos e Nietzsche
não têm muita culpa pelo que fizeram em seus nomes. Mas o marxismo
desemboca em Stálin e, mais tarde, sem colapso do socialismo
real. Nietzsche e os românticos terminaram associados ao nazismo. Por
mais brilhantes e fascinantes que as diferentes alternativas ao iluminar tenham
sido, os seus resultados foram bem problemáticos, por dizer o mínimo. De
todas essas aspirações nascem órfãos.
Há
60 anos, Sartre ainda está sujeito a condições declaradas, taxativamente: “O
marxismo é uma filosofia insuperável do nosso tempo”. Hoje, com muito mais
razão, poderíamos parafrasear-lo e dizer: "O iluminado é uma filosofia
insuperável para o nosso tempo", com tudo o que ele inclui ou foi
adicionado nos últimos dois séculos: democracia representativa, sufrágio
universal, testes dos padrões, Estado de direito, garantias individuais e
direitos sociais básicos.
Digo
isso com uma ponta de tristeza. Afinal, é lamentável, depois de dois
séculos de reflexão, experiências e aventuras, ou iluminação, mesmo
aperfeiçoado e desenvolvido, ainda tem o papel que tem. Sabemos de suas
restrições, de sua estreiteza, conhecemos os seus pontos cegos, como suas lacunas. Ele
promete pouco e entrega pouco.
Mas
é o que temos. Um iluminação tardia, madura, desencadeada ou comparada a
hordas de bárbaras - não apenas no Brasil, mas em grande parte do mundo
ocidental, associada à degeneração da democracia, ao populismo direito, à
xenofobia e ao retorno cultural.
Paro
e releio ou que escrevi. Acho que viajei. Não era para falar tanto e
nem tão longe. Eis, em resumo, o que é preciso dizer agora. Fora
Bolsonaro!
(paulonbjr@hotmail.com)
Atividades:
1. Responda as perguntas abaixo:
1. Quantas constituições o Brasil já
teve? Quando foi promulgada a atual?
2. Qual a diferença entre uma constituição
outorgada e uma constituição promulgada?
3. Qual o papel constitucional dos deputados e senadores?
4. O que foi o Estado Novo? Quanto tempo
durou?
5. Quando foi instaurada a ditadura militar/empresarial
no Brasil? Quanto tempo durou?
6. Segundo texto, para que serve um “iluminismo
tardio”?
2.BIOGRAFIAS.
1. Getúlio Vargas.
2. Friedrich Nietzsche.
3. Karl Marx
4. Friedrich Engels.
5. Joseph Stálin.
6. Hitler.
7. Jean Paul Sartre.
8. Mino Carta.
9.Osvaldo Cruz
10.Albert Sabin
3. Pesquise o significado das palavras e conceitos
abaixo:
1. Coronavírus
2.Peste Negra.
3. Gripe Espanhola.
4. Iluminismo.
5. Resiliência.
6. Romantismo.
7. Nazismo.
8. Socialismo real.
9. ideologia.
10.Marxismo.
11.Ditadura
12.Extrema-direita.
13.Comunismo.
14.Capitalismo.
15. Endemia
16.Epidemia
17.Pandemia.
15. Endemia
16.Epidemia
17.Pandemia.
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